Friday, August 22, 2008

SOLIDARIEDADE AOS MIGRANTES (NOTA DA CNBB)

Nós, bispos do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB, vemos com apreensão e preocupaçã o a adoção, por países para onde afluem numerosos grupos de migrantes, de medidas que ferem princípios básicos dos direitos humanos dos migrantes e suas famílias.
Sem desconsiderar a complexidade das questões que envolvem o tema, constata-se que há medidas que dão margem a sentimentos xenófobos e fortalecem a criminilização do ato de migrar. Tais medidas podem representar retrocesso no caminho de integração dos povos e da construção de uma cultura de paz. A acolhida à diversidade cultural, religiosa e social é condição fundamental para o estabelecimento da justiça e da paz.
Os movimentos migratórios são fatores de desenvolvimento humano e social. O migrante leva consigo sua força de trabalho, a riqueza da sua cultura, seus valores, sua religião. Espera por novos horizontes na terra que encontra como segunda pátria. Para o migrante “a pátria é a terra que lhe dá o pão” (Scalabrini, 1898). A busca de condições dignas de vida move, no mundo globalizado e desigual, milhões de migrantes em direção aos países mais desenvolvidos. Muitos países já não podem prescindir da contribuição dos imigrantes como mão-de-obra em áreas específi cas do mercado de trabalho.
Países que atualmente restringem a entrada de migrantes são os mesmos que outrora assistiram a emigração em massa de seus cidadãos. Aqueles que no Brasil aportaram, foram acolhidos e, gradativamente, integraram-se à sociedade local, contribuindo na construção da identidade e cultura nacionais.
Os valores humanos e cristãos da solidariedade e fraternidade têm primazia sobre as leis da economia e do mercado. No contexto mundial atual, os países devem encontrar formas adequadas e justas de acolher o estrangeiro, integrando os imigrantes como protagonistas de um novo momento para humanidade. Ao mesmo tempo, os países geradores de fluxos migratórios empenhem-se em proporcionar condições dignas de vida e perspectivas de futuro aos seus cidadãos.
Repudiamos medidas que criminalizam os migrantes. Muitas vezes, o tratamento dado aos migrantes é injusto e humilhante, envolvendo detenção e prisão, perda da moradia, do emprego e dos bens, separação dos cônjuges e dos filhos. A vergonha da expulsão pode impedir até mesmo a volta à família de origem.
Manifestamos nossa solidariedade a todos os migrantes, aos brasileiros e brasileiras no exterior, e, de modo especial, aos que se encontram em situação de maior vulnerabilidade, com dificuldade de obter a documentação de permanência, vivendo e trabalhando em clima de insegurança e medo.
Apelamos aos países e à comunidade internacional que implementem medidas para cessar as guerras, superar a fome e a miséria, eliminar as desigualdades sociais, e que adotem “uma política migratória que leve em consideração os direitos das pessoas em mobilidade” (DAp 414). Diante da palavra de Jesus “Eu era estrangeiro e me receberam em sua casa” (Mt 25,35), rogamos que prevaleça a solidariedade, baseada nos princípios da dignidade da pessoa, da proteção dos direitos humanos e da fraternidade universal.

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Brasília – DF – Brasil

'Nunca tinha me sentido tão humilhada', diz estudante barrada na Europa


Patrícia Magalhães, de 23 anos, deveria participar de um congresso de Física.
Ela diz que ficou três dias presa no aeroporto de Madri e fala em preconceito.


Carolina Iskandarian/G1
Estudante diz que teve de comer no chão por falta de lugar (Foto: Carolina Iskandarian/G1)


Às vésperas de completar 24 anos, na próxima quinta-feira (21), a estudante Patrícia Camargo Magalhães quer esquecer os últimos dias de sua vida. Ela conta que passou três dias presa na Espanha, foi "devolvida" ao governo brasileiro e perdeu a chance de apresentar seu trabalho em um congresso internacional de Física. Segundo ela, as autoridades espanholas não aceitaram a documentação apresentada e não acreditaram que ela é uma pesquisadora.

"Nunca tinha me sentido tão humilhada. Senti na pele um preconceito que nunca senti em um país que eu achava ser desenvolvido. Eles são muito mais atrasados do que pensam. Estão na Idade Média", atacou Patrícia, em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (20). Os problemas da jovem, que estuda na Universidade de São Paulo (USP) e já prepara sua dissertação de mestrado, começaram dia 10, quando ela chegou a Madri. A história foi publicada na edição desta quarta do jornal "Folha de S.Paulo".

No aeroporto, ela foi parada no setor de imigração. Depois de horas de espera e de entrevistas, descobriu que ficaria detida em uma sala do terminal. Mesmo carregando um tubo com dois pôsteres científicos com a identificação dela e da universidade. Durante os três dias em que passou no cômodo de aproximadamente 50 metros quadrados, ficou sem tomar banho, sem escovar os dentes e sem usar desodorante. Comia no chão por falta de lugar, conta. "Eles alegaram que eu não tinha toda a documentação pedida, como a reserva do hotel. Pediram o convite do congresso, meu extrato da conta bancária, meu cartão de crédito. Queriam até contar o meu dinheiro", afirmou.

"Pessoa inferior"
No mesmo dia em que foi detida, Patrícia deveria embarcar para Lisboa, em Portugal, onde aconteceu o congresso que reuniu pesquisadores de todo o mundo. Ela havia escolhido o vôo para Madri por ser mais barato. Apesar de achar que foi vítima de preconceito por ser latino-americana, ela ainda não sabe ao certo o que motivou sua prisão na Europa.

"Juntou o fato de eu ser mulher, de eu não ter a documentação do hotel. Uma vez que caí no processo imigratório, não tem volta. Se você é latino-americana, independentemente de quem seja, é vista como uma pessoa inferior", disse ela, que chegou ao Brasil dia 12.

A estudante conta que ainda tentou argumentar, alegando que não queria migrar e trabalhar na Espanha, mas foi em vão. Reclamou ainda do abandono de que afirma ter sido vítima. "Eu me senti abandonada pelo governo brasileiro". Patrícia também lamentou ter perdido o congresso. O trabalho que apresentaria sobre amplitude de ressonâncias escalares estava sendo preparado havia um ano. "É uma frustração por ter sido um trabalho tão duro. Eu perdi muito porque ia poder conversar com outros pesquisadores da área, tirar dúvidas", contou a estudante.

O G1 não conseguiu localizar ninguém no Consulado da Espanha em São Paulo na tarde desta quarta-feira.

Socorro
Um dos primeiros a tentar ajudar Patrícia foi o orientador dela, o professor titular Manoel Roberto Robilotta, do Instituto de Física da USP. De Lisboa, no congresso, ele soube do caso e ali mesmo enviou um fax ao consulado brasileiro em Madri e à polícia espanhola. O hotel em que Patrícia ficaria hospedada fez o mesmo. Via fax, tentou avisar as autoridades de que se tratava de um engano. Segundo Robilotta, até o organizador do congresso mandou um e-mail para os policiais, conta ele. "Era tudo tão absurdo que achei que ela seria logo liberada", disse o professor.

Robilotta reclamou do descaso por parte da representação brasileira na Espanha. "É um descaso muito grande. É um absurdo tentar contatar um consulado em caso de emergência via fax e não houve nenhum contato de volta da parte deles", afirmou Robilotta, que lamentou pela sua aluna. "Esse congresso não vai ter mais. O jovem conhece e é conhecido. É uma iniciação na comunidade internacional e a Patrícia foi proibida de ir".

Tuesday, August 19, 2008

Os sonhos das babás brasileiras ilegais na Suíça

Muitas brasileiras viagem à Suíça como turistas e permanecem no país durante anos, em busca de um futuro melhor, trabalhando como babás ilegais.

Elas chegam com poucos recursos e muitos sonhos, entre eles, os de casar com um suíço ou voltar ao Brasil em condições de construir uma casa própria.

Tarde de quarta-feira no aeroporto de Zurique. Mais um avião da TAP vindo de Lisboa traz brasileiros oriundos de Salvador. Nesse vôo, vem Márcia*, baiana do interior, 30 anos, tentar a vida mais uma vez na Suíça, agora com promessa de casamento e salário fixo de 800 francos por mês.

Para Márcia, que foi enganada pela patroa na primeira vez em que veio trabalhar no país, a vida no exterior é um jogo, em que ela entrou para ganhar. Com pouca instrução escolar, dois filhos, e uma mãe doente do coração que não consegue vaga no hospital para fazer uma cirurgia cardíaca, Márcia diz que nessa competição, só existe uma possibilidade: vencer ou vencer. "Eu já perdi tudo quando nasci pobre no Brasil. Aqui eu posso tentar um futuro melhor", teoriza.

Márcia é somente mais uma entre as milhares de brasileiras que vêm tentar a sorte como babá ou doméstica no país. Ignoradas pelo governo local, elas entram como turistas e permanecem por anos, até conseguirem um casamento ou a independência financeira, traduzida pela compra do tão sonhado imóvel para a família. Com esse propósito, deixam filhos e marido e vêm tentar a vida de forma tão solitária e aventureira.

Trabalho informal

A Suíça é um dos destinos mais comuns entre os brasileiros. Não se fala muito do país no Brasil. Mas o curioso é que mesmo na contramão das semelhanças, os dois países vivem um fenômeno de importação e recebimento de mão-de-obra, que tem atraído moças simples do interior para trabalhar na condição de babás " informais".

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima que cerca de 50 mil brasileiros vivam hoje na Confederação Helvética. O número é baseado na quantidade de serviços consulares e não distingue a situação oficial dos moradores. De acordo com a Departamento Federal de Estatística (DFE) da Suíça, vivem no país 14.108 brasileiros registrados (dados de 2007).

A discrepância entre os números gerados pelos os dois governos comprova a ignorância da Polícia de Imigração Suíça quanto ao número de "brasileiros ilegais". Para o Governo Brasileiro, a colaboração econômica é vista com bons olhos. De acordo com o Departmento de Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, os brasileiros que vivem no exterior são responsáveis pela injeção de mais de 6 milhões de reais na economia brasileira por ano. Para a Suíça, a situação é diferente. O país quer reduzir o trabalho no mercado negro e tem feito campanhas elucidativas para isso.

Os dados mostram também que o número de brasileiros na Comunidade Helvética cresce a cada ano. Em seu livro Brasileiros na Suíça, lançado em 2006, a professora e socióloga brasileira Safira Amman analisa a situação. De acordo com os números pesquisados pela professora, há 18 anos residiam, legalmente, 1.254 brasileiros na Confederação Helvética. Em 2004, o número ja saltara para 12.100 residentes permanentes legais, o que correspondia um aumento de 850% em um período de menos de 20 anos.

Boca-a-boca

Não se sabe exatamente como começa o fenômeno, mas tudo indica que a propaganda boca-a-boca se encarrega de fazer mais e mais adeptas. Informadas sobre a possibilidade de fazer dinheiro em pouco tempo, elas tomam o risco de viajar mesmo sem ter o dinheiro para a compra da passagem, geralmente paga pelo "empregador" e descontada em prestações dos futuros salários.

Na maioria das vezes, a brasileira vem porque a amiga já veio anteriormente e conhece alguém - provavelmente uma outra brasileira - que precisa de uma babá. "Eu só estou aqui porque minha irmã, que é casada com um suíço há mais de dez anos, me indicou a uma amiga", conta Aline*, cuja irmã também veio no passado por recomendação.

A fórmula é confirmada pela análise do Departamento Federal de Imigração (BMF) - em trabalho denominado "Migração ilegal - por 60 mil francos é garantido o visto suíço", de 30 de junho de 2004. O texto dedica cinco parágrafos ao tema, explicando que a migração legal ou ilegal não funciona sem uma rede de contatos.

Risco compensa

O esforço, no entanto, parece valer a pena. Em cidades mais populosas, como Zurique, Genebra e arredores, esse tipo de serviço é pago por hora (aproximadamente 25 francos), o que daria aproximadamente 37 reais para o trabalho de faxineira, quantia inimaginável no Brasil. Um franco duíço equivale a aproximanete 1,6 real.

Para quem se instala em casa de família para trabalhar geralmente de babá, as condições já são diferentes. Chega-se a ganhar até 1,5 mil francos por mês, sendo que muitas dessas moças são favorecidas financeiramente por não terem que pagar aluguel. Dependendo da patroa, elas ainda podem fazer bicos de faxineira e ganhar por hora para complementar o salário nos fins de semana.

No entanto, nem todas têm sorte. Há casos de patroas que regulam a comida, que pagam irrisórios soldos de 400 francos, como no caso da baiana Márcia. Quando veio há dois anos, teve várias promessas, mas quando se deu conta, se viu trabalhando quase como uma escrava. "Depois de descontar o preço da passagem aérea, não sobrava nada para ser enviado aos meus familiares no Brasil", explica.

Casa própria

Em um ano de trabalho, Aline já economizou 9 mil francos, o equivalente a 14,4 mil reais. "Com mais um ano aqui, junto o dinheiro necessário para construir minha casa no interior da Bahia e sair do controle do meu marido, que tanto me maltratou e desrespeitou durante nosso casamento. Meu sonho é ter essa casinha e voltar a viver perto dos meus dois filhos", conta Aline, com os olhos negros marejados de saudades.

Há dois na Suíça, a brasileira mora na casa da irmã e não precisa gastar com sua subsistência. A babá conta que, se fosse trabalhar em casa de família em Salvador, poderia ganhar, com muita sorte, um salário mínimo por mês, sem direito à folga semanal.

Maria* é uma brasileira que saiu do interior do Belém do Pará, deixando um filho de sete anos aos cuidados dos avós, entrou num avião pela primeira vez rumo a Zurique, também com o objetivo de juntar dinheiro para comprar uma casa.

"Foi muito triste deixar meu filho e vir fazer a vida aqui. Chorei muitas vezes sozinha no meu quarto", desabafa, mas com a certeza de que tomou a decisão correta. Após morar dois anos de forma ilegal e viver até mesmo de favor em casas de amigos, foi para o Brasil buscar o filho e está de volta. Embora ainda não tenha visto de residente, Maria diz que está feliz com o novo rumo que sua vida está tomando: noivou-se com um suíço e deve se casar em breve.

Suíços gostam de brasileiras

Além da caderneta de poupança e, conseqüentemente, a casa própria, o casamento é encarado como um presente a mais, e conforme mostram as estatísticas, com grandes probabilidades de se realizar. Parece que os homens suíços têm verdadeira predileção pelas brasileiras.

Segundo dados de 2005 do DFE, depois das alemãs, eles preferem as brasileiras, seguidas pelas tailandesas, italianas, sérvias e norte-africanas. Dos 8.358 casamentos com estrangeiras naquele ano, 654 aconteceram com brasileiras, que perderam somente para a Alemanha, com 766 uniões formais. "O bom é que depois de arrumar um marido suíço, podemos cobrar mais caro pela faxina. Ou melhor, ainda nos tornarmos patroa", brinca Maria.

Se a situaçâo é lucrativa para quem vem tentar a vida, melhor ainda para as mulheres que já estão com a situação estabilizada na Suíça. Ao contratarem uma babá que durma durante a semana em suas casas e que ainda faça o serviço doméstico, as donas-de-casa brasileiras economizam muito dinheiro e ainda podem manter o padrão de comodidade que levavam no Brasil, algo impagável se fosse colocado na ponta do lápis todo o dinheiro referente a impostos e seguro social que deveriam pagar a essas profissionais.

Segundo Helena* (há cinco anos na Suíça), a contratação de uma brasileira para o serviço doméstico é um luxo acessível se tudo for feito na base da ilegalidade. Na sua opinião, não se trata de capricho, mas de uma garantia de contato das crianças com a cultura brasileira e atenção e carinho, enquanto a mãe trabalha. "Uma babá suíça jamais se dedicaria aos meus filho como a Márcia", afirma Helena.

swissinfo, Liliana Tinoco Baeckert

Os nomes das entrevistadas foram modificados para preservação da identidade.

Friday, August 15, 2008

O Medo do Brasileiros nos US

Dr. Percy F. Andreazi

O Medo de fora e o medo de dentro(os problemas de ansiedade)

Eu acho que nos meus 30 anos de profissão, eu nunca atendi tantas pessoas com pânico e outros problemas de ansiedade como neste último ano aqui em Framingham. O que está acontecendo é que a comunidade brasileira, está vivendo uma situação de stress muito grande. A perseguição aos imigrantes nos Estados Unidos está se tornando insuportável. O medo de ser pego sem carteira de motorista, o medo da imigração e da deportação vem deixando algumas pessoas extremamente inseguras e até doentes. O que acontece é que o medo exterior ou real, da polícia e da imigração, está se somando em algumas pessoas, ao medo interior, de origem psíquica.

Mas por que? Tem pessoas que por questões genéticas e familiares reagem com muita ansiedade a situações de stress. Reagem, aumentando o medo que é para ser usado como protetor. O medo é um sentimento que serve para nos proteger contra os perigos. Tomar cuidado com incêndio, com acidentes de carro, ter medo quando atravessar uma rua movimentada nos protege dos perigos e isso é bom. Entretanto, as pessoas com tendência à ansiedade, amplificam o medo, com pensamentos catastróficos, que antecipam o mal que ainda não ocorreu. Sofrem antes, por antecipação.

Vou explicar um pouco sobre o que são os distúrbios de ansiedade e depois vou tentar dar algumas idéias pra melhorar.

Pra quem não sabe, o Distúrbio do Pânico é um dos distúrbios de ansiedade. Ele aparece de repente e a pessoa tem muito medo de morrer ou de enlouquecer. Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa mas em geral elas apresentam falta de ar, batedeira no coração, tremores, aperto no peito, tonturas, formigamentos pelo corpo, muitos acham que estão tendo um ataque do coração ou um derrame. Por isso, freqüentemente, esses indivíduos com pânico vão parar no Pronto Socorro. Após todos os testes cardíacos, exames de sangue, etc, os médicos constatam que tudo está normal.
Na verdade, não é que o paciente não tenha nada. Ele está com um problema no sistema de alarme do corpo. É como se o alarme da casa estivesse disparando sozinho, sem ladrão nenhum. O problema está no alarme. Nosso corpo tem um sistema bastante sensivel contra o perigo. Quando existe qualquer risco de dano ao nosso corpo, o alarme dispara fazendo com que o indivíduo procure ajuda. Nesse caso, o alarme esta disparando sozinho. Isso pode começar sem uma causa definida ou ser desencadeado por situações de stress. Em alguns casos, o pânico é tão grande que a pessoa fica com medo de sair sozinha, de dirigir, de ir a lugares fechados com muita gente, que não tenha saida fácil.

Um outro exemplo de distúrbio de ansiedade, também muito freqüente, é o que se chama de Ansiedade Generalizada. A pessoa vive com medo de que algo de mal aconteça a qualquer momento a ela ou a alguém da família. Vive telefonando para os filhos, para o marido, tendo pensamentos repetitivos de que algo vai acontecer, não consegue dormir, vive com angústia, tremores, falta de ar, etc. Estes sintomas passam a atrapalhar a vida, a tal ponto de bloquear a própria rotina. Tanto o Pânico quanto os demais problemas de ansiedade são causados por um desequilíbrio de alguns neurotransmissores cerebrais e por isso tem tratamento psicológico e medicamentoso. Esses quadros melhoram demais com o tratamento e com o tempo o indivíduo volta a funcionar normalmente.

Muitas vezes, esses problemas melhoram através de alguns cuidados pessoais. Fazer exercícios regulares , dormir 7 a 8 hs por dia, alimentação saudável em horários regulares, aprender algumas técnicas de relaxamento e conversar sobre o medo, também costumam ajudar muito. Se necessário, procure ajuda professional.

Bem, dessa forma já sabemos o que fazer com o medo interior, mas o que fazer com o medo real, aquele pior ainda, da imigração?

Na semana passada eu participei de um seminário promovido pelo Legal Services da Região Metro West e realmente a situação é bastante preocupante. A polícia de Framingham é a única no Estado com acordo direto com o ICE do Dept. de imigração. Embora, o chief negue os abusos, é claro que eles estão ocorrendo por parte de alguns policiais que não vêem os imigrantes com bons olhos. Existe um formulário pra denunciar esses abusos e temos que nos organizar pra fazer isso. Desse seminário, eu tentei extrair algumas dicas para ajudar os brasileiros indocumentados caso sejam abordados pela polícia:

1. Seja educado com o policial. Ele está fazendo o trabalho dele.
2. Não dirija com documentos falsos. Andar com documento falso é crime e pode complicar sua vida. É preferível andar sem documentos do que com documento falso.
3. Tenha um documento de identificação com foto. O policial pode pedir o seu ID. Pode ser uma carteira da Library, do banco, do trabalho, ou qualquer outra carteira com foto.
4. Where are you from: I am from Marlboro, from Milford…Voce não precisa dizer que é do Brasil.
5. Voce não é obrigado a falar. Tenha o nome e telefone de um advogado de imigração pra ligar caso o policial te pressione ou te leve para a Dept. de Polícia.
Claro que esses cuidados não eliminam totalmente o risco mas o nervosismo excessivo só pode piorar as coisas.

Dr. Percy F. Andreazi, é médico e psicoterapeuta. É licenciado nos Estados Unidos como Mental Health Counselor. Tel- 508-904-2121

Thursday, August 7, 2008

Law Enforcement Operation in MA

The Brazilian Women’s Group is informed that ICE launched a law enforcement operation in Massachusetts, targeting individuals with outstanding warrants and those who have had prior encounters with law enforcement. People are being picked up at home and at work, all over the state. Reports are that about 80 people were arrested already in Somerville, Everett and Lowell. The operation is expected to last three to four days and, according to MIRA, includes people who have “criminal convictions, (including misdemeanors) who have a range of immigration statuses (including green card holders)”.

The Brazilian Women’s Group urge people to stay calm but aware of their rights during such operations. Access our website www.verdeamarelo.org for information in Portuguese on “Know your Rights” and “Protect yourself from immigration raids”. You also can watch a video about what to do if immigration officers come to your house or work place. Remember: You have the right to a lawyer and you have the right to call the Brazilian Consulate.

Please, call us at 617-787-0557 ext. 15 or email us at mulherbrasileira@verdeamarelo.org if you know of an ICE raid in your neighborhood. Also, if you know of anyone who has been detained, please call us with their name, date of birth, where the person is being held, and their A # (Alien registration number).



O Grupo Mulher Brasileira tem informações de que a imigração desencadeou uma operação em Massachusetts, buscando indivíduos com mandado de prisão ou deportação e aqueles com passagem pela justiça. As pessoas estão sendo detidas em casa ou no local de trabalho, em todo o estado. As notícias chegadas dão conta de que cerca de 80 pessoas já foram presas em Somerville, Everett e Lowell. Nós ainda não sabemos quem são estas pessoas e de que nacionalidade. A operação deve durar de três a quatro dias e, de acordo com MIRA, inclui pessoas condenadas criminalmente (inclusive por delitos) e com variados estatus imigratório, mesmo pessoas portadoras de green card.

O Grupo Mulher Brasileira pede a comunidade que se mantenha calma mas consciente dos seus direitos durante tais operações. Acesse nosso website www.verdeamarelo.org para ler informação em português sobre “Saiba seus Direitos” e “Proteja-se contra as batidas da imigração”. Vocês também podem ver um vídeo sobre o que fazer se a imigração bater na sua casa ou no seu trabalho. Lembre-se: Você tem o direito a um(a) advogado(a) e de telefonar para o Consulado do Brasil.

Por favor, telefone para 617-787-0557 ramal 15 ou mande email para mulherbrasileira@verdeamarelo.org se souber de uma batida da imigração no seu bairro ou na sua cidade. E, se souber de alguém que foi detido(a), por favor, nos telefone com o nome, a data de nascimento, onde a pessoa está presa e o número A (Alien registration number).