Vocês já imaginaram 20 mil pessoas de todos os estados dos Estados Unidos e até de alguns países, como o Brasil, circulando em um espaço grande mas não enorme? A energia que emana de toda esta gente é eletrizante.
Hoje à tarde houve uma demonstração com dança no andar térreo. De repente, um grupo com aventais de plástico por cima da roupa começou a dançar. Eu, infelizmente, não entendi a mensagem que tentavam passar. Mas logo atrás veio um urso polar enorme – desculpem o pleonasmo – com olhos ternos e um jeitinho de filhote desmamado, ganhou os corações presentes. Uma mãe colocou o filhinho de um ano para ver o urso; outros queriam saber como ele se sente diante da ameaça do aquecimento da Terra. Foi o barato da tarde.
O Forum Social é uma lição de inclusão. Tudo que é feito, é feito em várias línguas, inclusive português, mas o espanhol e o inglês são falados simultaneamente. Se eu não fosse brasileira e não entendesse e falasse portunhol, ia ter de andar para cima e para baixo com aqueles aparelhos de tradução simultânea.
Até os filmes têm tradução simultânea. Por falar em filme, o grande hit da noite desta quinta-feira, além da celebração dos 95 anos da ativista comunitária local Grace Lee Boggs, foi o filme de Oliver Stone “South of the Border”.
Grace, filha de imigantes chineses, luta pelos direitos civis e humanos há mais de 50 anos. Tem estado em vários painéis e é mais lúcida e faz mais sentido do que diz do que muita gente que tem 1/3 da idade dela.
Feminista, ela aprendeu muito cedo que somente uma mudança poderia salvar o mundo: “Quando eu nasci, minha mãe foi dita para me abandonar nas Colinas para morrer porque eu era mulher”.
O filme de Oliver Stone, ainda inédito, é um documentário sobre Hugo Chavez e a América Latina porque o diretor conseguiu entrevistar todos os presidentes, de Lula a Evo Morales a Eduardo Correa a Raul Castro.
Desde que moro nos Estados Unidos nunca estive em um ambiente tão completamente lotado. O cinema, com capacidade para umas 300 pessoas, tinha pelo mesmo o dobro. Segurança e medo de processo, tão típicos da cultura norte-americano, ficaram para trás nesta noite.
Só uma mulher de uns 70 anos levantou-se e sugeriu que as pessoas em excesso fossem retiradas por questão de segurança.
Ela lembrou o incêndio no clube Station, em Providence. Um dos coordenadores do evento, no entanto, sentindo que a plateia discordava, disse que quem conseguisse um lugar no chão, tinha direito de ficar. A audiência vibrou e mais gente entrou. Até o palco foi tomado.
O documentário de uma hora e meia teve a participação ativa dos presentes, que se manifestavam contra ou favor dependendo de quem aparecia na tela. O ex-presidente Bush e seus auxiliares eram sempre motivo de risos e chacotas, enquanto Chaves, Lula, Morales e Correa recebiam hurras, aplausos e vivas em uníssimo.
Amanhã de manhã, o drama é que no mesmo horário do jogo do Brasil, tem um workshop sobre economias de base que todo mundo quer assistir.
Quem vai ganhar a preferência dos brasileiros: a responsabilidade social ou a Seleção?
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