Por Heloisa Maria Galvão
Quando cheguei no aeroporto Fuimicini, vi logo que chegara no primeiro mundo de verdade. Apresentei meu passaporte brasileiro à imigração e, para surpresa minha, em menos de um minuto devolveram meu passaporte sem nenhum questionamento. Bem diferente da minha última viagem à Europa, quando a Espanha não quis aceitar meu passaporte brasileiro. Segui para a esteira, recolhi minha bagagem e sai sem ver ninguem fardado pedindo comprovante de bagagem. Completa sensação de liberdade.
Aliás, isto já se manifestara, horas antes, em Montreal, minha primeira escala em direção à Roma para um seminário sobre Gênero e Violência contra a Mulher promovido pela Libélula, uma organização brasileira que atua na capital italiana. Em Montreal, fui interpelada por uma pesquisadora do aeroporto que, laptop em mãos, queria saber minhas impressões sobre o local. O oficial de imigração a tratou bem? As cadeiras são confortáveis? O aeroporto está limpo? Você está satifeita com sua passagem pelo nosso aeroporto?
Incrível! Eu disse à entrevistadora que não estou acostumada com aeroportos querendo saber minha opinião sobre as condições do local, muito menos sobre o tratamento da imigracão.
Roma enfrenta a maior onda de calor dos últimos anos. Tem feito sistematicamente 40 graus sem chuva. O céu está azul de brigadeiro, as ruas, bares, cafés cheios. A minha amiga Leila Pereira, que dirige a Libelula, disse que a Itália precisa dos turistas, por isso, me deixou passar sem interpelações. Além do mais, completou, você não chegou do Brasil.
Manhã da sexta-feira, dia 23 de julho:
O seminário é aberto no prédio da Embaixada do Brasil, na Piazza Navona, um prédio com mais de 500 anos de história, onde antigamente também moravam alguns funcionários do Consulado. Hoje, os apartamentos são escritórios de embaixadas, mas ainda se mantém um apartamento presidencial. Desde que Dona Marisa adquiriu a cidadania italiana, calcula-se que ela virá mais vezes à Roma.
A tarde, o Seminário, que reúne cerca de 40 pessoas de vários países européus e eu dos Estados Unidos, prosseguiu em outro prédio histórico, na Vila Libório, ao lado de uma das igrejas mais famosas da cidade, a Santa Maria de Maggiore.
O Seminário vai até domingo, dia 25, e tem a participação de militantes comunitárias e de representantes governamentais, como a ministra Irene Vidagala, do Consulado do Brasil em Roma, que faz todo o trabalho de relacionamento com a comunidade. Presente também a diretora do Departaemento de Violência contra a Mulher, do Monistério da Mulher. Ela foi desviada de Viena, onde participava de outro evento, para representar a Ministra Nilcéa Freire.
A presença de Katia demonstra o compromisso do governo do Brasil com a questão de gênero. A ministra Irene, por outro lado, fêz questão de falar de suas duas identidades: a de diplomata e a de mulher e ativista. Com certeza ela usou bastante a segunda na tarde de abertura para colocar questões que a preocupam, como a da violência.
Se Roma, onde a comunidade brasileira é relativamente pequena, tem no Consulado uma ministra só tratando de comunidade, imaginem o que isto não significria para a nossa comunidade de Boston.
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