Por Heloisa Maria Galvão
- O maior problema que enfrentamos aqui na Itália é o da violência contra a mulher, diz a ministra Irene Vidagala, do Consulado do Brasil em Roma.
Estamos conversando no intervalo das discussões do Seminário sobre Questões de Gênero, promovido pela Libellula. Esta é uma característica da Europa, enfatiza Irene.
- A mulher representa a grande maioria dos emigrados brasileiros para a Itália e todas (o itálico é meu) casam com italianos.
Como para não deixar nenhuma dúvida, Irene olha ao redor e pergunta: “Você mora aqui? Qual a nacionalidade do seu marido? ” As duas mulheres sentadas ao lado, respondem em uníssimo: “Italiano”. Uma complementa: “Os dois, casei duas vezes com italiano.”
A violência contra a mulher vem no bojo de muitos desses casamentos. Não que não tenha casamento feliz e italiano bom, mas a prostituição, o tráfego de pessoas, a maioria mulher, a escravização e aviltamento da mulher é problema sério na Europa e a Itália lidera as estatísticas.
Talvez por isso, o diretor Joel Zito Araújo tenha escolhido uma rua de Roma como o primeiro take do seu premiadíssimo “Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado”. São 105 minutos de depoimentos fortes e cenas chocantes, um alinhavo do turismo sexual que no Brasil, diz Joel, começa no Nordeste. As belíssimas praias de Natal, Fortaleza e Salvador, são cenário para o aliciamento de meninas de até 10 anos.
Isso não é novidade, todos sabemos do problema do turismo sexual e como a mulher brasileira, principalmente a negra e a mulata, são muitas vezes comercializadas como commodities caras mas que não merecem nenhum respeito.
Saber é uma coisa, ver é outra. A impunidade choca tanto quanto as narrativas e ao final do documentário fica no ouvido a frase lacrimosa e desalentada da senadora Patricia Saboya (PSB-CE): “As vezes, eu perco a esperança.”
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